Experiências
de Sofrologia
Os “milagres” da Sofrologia…
Local: Porto (Portugal)
Data: Dezembro 2010
Entrevistado: Diego (pseudónimo)
Caso: o Diego tem problemas clínicos de difícil diagnóstico,
ortopédicos? Neurológicos? Outros? Os pareceres da ciência médica são
contraditórios, e quer a família, quer o Diego andam angustiados, pela “ameaça”
de amputações de parte dos pés, ou dos pés, ou mesmo de mais área óssea na
proximidade dos pés.
Conheci o Diego no mês de Outubro de 2009.
Em
Dezembro de 2010, realizei a entrevista, que exponho na íntegra. fenomenologia
pura – pela qual se poderão deduzir os factos clínicos, as vivências do Diego e
da família, as atitudes dos amigos, e sobretudo a sua fragilizada auto-estima.
“Pergunta – Diego, como
vieste parar ao Desporto Adaptado? Em que é que o desporto adaptado contribui
para a tua realização pessoal? Quais são as tuas dificuldades enquanto portador
de uma deficiência? Dificuldades que tens na vida, dificuldades na tua
mobilidade quotidiana. Como é que tu lidas diariamente com essa deficiência?
Provavelmente tens dificuldades, já te ultrapassaste várias vezes! O que
esperas do Desporto? Em que é que ele ajuda a melhorar a tua dimensão
existencial?
DIEGO – Os meus problemas começaram aos 4 anos, quando
tive uma temperatura súbita nocturna, com bastante febre e tive… e fiquei
estrábico e… praticamente cego e surdo, do olho e do ouvido esquerdo… Fiquei
com uma bactéria dentro de mim que quando tenho temperaturas altas… fico
doente… o meu organismo fica alterado e… disseram-me para usar óculos, pronto
não foi muito grave… foi-se corrigindo ao longo do tempo.
Entre os 6 e os 10 anos tive bastantes problemas. Tive uma
pneumonia… duas semanas depois tive uma recaída… fui operado aos dois olhos e
aos ouvidos em 3 operações. Durante 1 ano… penso que foi quando tinha 7 anos…
isso marcou-me um bocado porque… tive que… não tive uma infância como as outras
crianças… isso fragilizou-me bastante e tive que tratar problemas tais como a
púrpura e a zona.
Depois, aos 11 anos entrei para o futebol, comecei a ter uma melhor
qualidade no que toca à saúde…
Deixei o futebol dois anos depois para ingressar no taekondo… Com o
taekondo também fui tendo uma vida melhor, em questão de saúde e… passei três
anos lá e…
Sensivelmente no verão de 2008 a minha mãe começou a
detectar… a minha mãe e a minha família… que eu andava com os pés tortos,
principalmente quando andava de chinelos e a minha mãe um dia levou-me ao
médico de família. A médica de família disse que era… que não era nada, que era
paranóia da minha mãe e que… era do crescimento que eu era… desleixado, mas a
minha mãe não se conformou… Começou a fazer exames. A fazer exames em (médico)
particular e… depois uma equipa médica da Urgência do Hospital de S. João
reconheceu-me porque eu fiz 3 entorses praticamente seguidas… reconheceu-me das
três vezes que fui lá porque curiosamente fui atendido pelas mesmas pessoas…
estranharam eu estar a ir sempre lá regularmente… A minha mãe não contou os
problemas que eu estava a ter dificuldades ao andar e… reencaminharam-me para
as consultas de ortopedia. Em ortopedia a minha mãe disse que… mostrou os
exames que eu estava a fazer e disseram-me que eu tinha o pé vacum… que eu tinha de partir os 2 pés...
para retirar um pouco de osso…
A minha mãe disse que não seria esse o meu problema porque estava a
piorar cada vez mais e não era só em questão de pés. Ao andar também estava a
ficar com os menos força, nas pernas principalmente. O médico de ortopedia…
reencaminhou-me para podologia e esse podologista que tinha de haver mais
alguma coisa não seria só o pé vacum…
Fui agora reencaminhado para neurologia já lá ando há cerca de 2
anos. Comecei a andar num hospital… num consultório particular e… aí esse
médico trabalhava no HSA e ele reencaminhou-me para o HSA com a ajuda de um
ortopedista bastante conceituado a nível nacional o mesmo diagnóstico que era
calcanhar vacum. Aí após alguns estudos genéticos verificou que eu tinha
realmente problemas neurológicos… Uma mielopatia…com início e… após isso continuaram
a fazer-se alguns estudos até porque havia incompatibilidade entre alguns
estudos que já haviam sido feitos e o problema era outro, uma atrofia medular
espinal progressiva, que é o diagnóstico actual.
Quando me foi diagnosticado o pé vacum tive que deixar o taekondo…
algo que me afectou bastante fiquei com
a minha auto-estima em baixo porque eu adorava a fazer desporto
principalmente taekondo e estive bastante em baixo.
Isto afectava-me bastante pensava naquela altura que nunca mais
poderia voltar ao desporto apesar de toda a gente à minha volta dizer que sim.
Em 2009 entrei para o Desporto Adaptado para a natação. No início
não gostei muito mas depois comecei a aprender a gostar da natação e comecei a
desejar as competições e isso tudo…
Muita gente que eu julgava minha amiga, muitos colegas da minha escola
começaram a afastar-se de mim quando souberam que eu estava com algum problema.
Isso também me deitou um bocado abaixo mas agora tenho bons amigos e acredito
que os outros foram embora para meu bem porque ainda bem que foi nesta situação
que se afastaram de mim. que pudesse ser pior…
Agora actualmente tenho bons amigos como já disse, a minha
auto-estima e a minha confiança em mim
próprio está incomparável com o que era antes estou muito melhor… estou a fazer tratamento numa clínica
privada também me está a ajudar bastante para além da fisioterapia e da
natação… e tento ao máximo fazer uma vida normal. Na escola, em educação física
tento fazer as coisas igual aos outros
apesar de saber que não posso sei que quando não posso não o faço muitas
vezes os Professores que conhecem o meu problema dão-me os parabéns porque não
parece que tenho este problema e nota-se
que me esforço bastante para estar ao nível dos outros no Desporto em
geral e em educação física.
E é assim que me sinto, uma pessoa igual ás outras apesar de saber
que tenho este problema não me afecta muito pois já aprendi a conviver com o
meu problema apesar de no início eu próprio olhar para mim de lado eu próprio achava-me um coitadinho - agora já não, já
aprendi a conviver com isto.”
O
Diego tem sido objecto de trabalho de sofrologia desde Outubro de 2010. Quer
nos treinos, quer em ambiente de competição desportiva.
Na
entrevista, o Diego não o diz, mas por vezes fica(va) completamente
imobilizado, a ponto de ter de usar canadianas para se movimentar; pior ainda,
tinha de ficar muitas vezes em casa, por dificuldades de mobilização e ausência
de força muscular.
O
Diego está num grupo especial de nadadores, em preparação para um Campeonato
Europeu destinado a Pessoas Portadoras de Deficiência. E nesse contexto, o
Diego tem sido objecto de trabalho pesado e contínuo, o que não era habitual,
pelas fragilidades de que se queixava.
Há
alguns dias atrás, estava eu no balneário com o Diego, e ocorreu-me a seguinte
observação: “Oh! Diego… tu não tens tido problemas… agora até já suportas
trabalho duro com as pernas, já fazes pernas de bruços, costas… E acho que… ou
estou enganado? Tu já vai para dois anos que não usas canadianas, que não tens
ficado imobilizado, tens gerido a tua energia de forma normal, não tens faltas
à natação por esse motivo…
E o Diego disse-me apenas isto: “é verdade!”
Então, que há de novo na vida do Diego? A Sofrologia!
É
com ela que ele tem aprendido a relaxar, a gerir a ansiedade e o stress; é com
as técnicas da sofrologia (RD1 e RD2, com a respiração intencional, com a sofro
analgesia e com a visualização, entre outras) que o Diego tem aprendido a gerir
o seu bem-estar e o seu sentido existencial.
Eu
limitei a fazer-lhe uma concludente observação: enquanto eu estiver contigo, e
comigo tu praticares a sofrologia e procurares nas técnicas e na filosofia da
sofrologia as curas para os teus problemas… Eu não sou médico, muito menos
milagreiro… apenas te aconselho! Não te deixes operar enquanto os teus
problemas não se revelarem natural e objectivamente!
Andas
bem, o meu segundo conselho: vive o teu dia-a-dia com a sofrologia! Resolve as
tuas dificuldades com a sofrologia! Procura o teu bem-estar e a tua harmonia
com a sofrologia! O teu sucesso escolar e pessoal está na sofrologia!
Faz
uma pequena introspecção e analisa bem o teu percurso desde o momento em que
começaste indiferentemente a praticá-la diariamente comigo, aqui na piscina.
E
o Diego quer ir mais além! Quer mesmo a sofrologia individual, clínica, porque
nele renasceu a esperança de voltar a ter dias felizes…
Joaquim Hernâni Dias
Master em Sofrologia
Porto/Portugal
Novembro/2011